Adrien - Domingo 3 Março 2024

Descoberta surpreendente: essa tecnologia avançada dos Neandertais intriga

Os Neandertalenses, muito mais do que simples primos distantes do homem moderno, acabam de revelar um aspecto inesperado de sua engenhosidade. Um estudo recente destacou sua capacidade de criar ferramentas de pedra usando um adesivo complexo, desafiando assim nossa compreensão sobre seu nível de cognição e desenvolvimento cultural.

Pesquisadores da Universidade de Nova York, da Universidade de Tübingen e dos Museus Nacionais de Berlim reexaminaram ferramentas de pedra originárias do sítio de Le Moustier, na França, descobertas no início do século XX. Essas ferramentas, datadas do período do Paleolítico Médio, apresentam vestígios de uma mistura de betume e ocre, revelando uma tecnologia de fabricação de ferramentas até então desconhecida entre os Neandertalenses.


A ferramenta de pedra era fixada em um cabo com betume líquido misturado a 55% de ocre. Já não é pegajoso e pode ser manuseado facilmente.
Crédito: Patrick Schmidt


O ocre, um pigmento natural, e o betume, um componente do asfalto, eram misturados em proporções surpreendentes, com mais de 50% de ocre. Essa composição específica formava uma massa maleável, suficientemente adesiva para manter a ferramenta no lugar, evitando que grudasse nas mãos. Uma solução engenhosa que atesta uma real sofisticação na concepção de ferramentas.

A análise microscópica dos traços de desgaste nessas ferramentas revelou não apenas o polimento típico das bordas afiadas, utilizadas para trabalhar outros materiais, mas também um brilho notável nas partes presumivelmente seguradas à mão, resultado da abrasão pelo ocre. Essa descoberta sugere um uso pensado e elaborado dessas ferramentas, envolvendo um nível de pensamento complexo e planejamento.

O que essa pesquisa revela é a capacidade dos Neandertalenses de inovar e adaptar sua tecnologia, de maneira similar aos primeiros Homo sapiens na África. A necessidade de coletar ocre e betume de locais distantes sublinha o esforço considerável, o planejamento e a abordagem direcionada dos Neandertalenses na fabricação desses adesivos.


Micrografias mostrando os traços de desgaste em uma ferramenta usada pelos Neandertalenses durante o período do Paleolítico Médio. As localizações das micrografias no artefato estão indicadas no desenho (no canto superior esquerdo) em vermelho.
a) Polimento, ou brilho, na borda ativa do cabo da ferramenta.
b) Brilho sob as manchas do pigmento na área coberta pelo adesivo.
c) Aresta entre as superfícies côncavas formada pela remoção de pedaços de pedra que foram retirados - ao invés de desgastados naturalmente.
d) Aresta embotada ou desgastada na área segurável que estava coberta por um adesivo.
Uma comparação entre (c) e (d) indica que a parte desgastada se encontra na área coberta pela alça adesiva projetada. As imagens são mostradas em microns.
Crédito: Desenho por D. Greinert, Staatliche Museen zu Berlin.

As ferramentas de Le Moustier documentam não apenas a habilidade dos Neandertalenses de criar adesivos complexos, mas também sua capacidade de pensar e agir com uma sofisticação equivalente à dos primeiros humanos modernos. Este estudo enriquece profundamente nossa compreensão sobre a evolução cultural e as capacidades cognitivas dos primeiros humanos.

Fonte: Science Advances
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