Cédric - Terça-feira 8 Julho 2025

🧠 Descoberta: recém-nascidos têm níveis muito elevados desta proteína associada ao Alzheimer

Os recém-nascidos apresentam níveis elevados de p-tau217, uma proteína associada à doença de Alzheimer. Esta descoberta inesperada questiona o seu papel exclusivamente tóxico.


Um estudo internacional revela que este biomarcador, utilizado para diagnosticar a neurodegeneração, poderá na realidade participar na construção do cérebro nos bebés. Os investigadores sugerem que a sua acumulação, prejudicial no adulto, seria benéfica nas primeiras etapas da vida.

Um biomarcador com duas faces


A p-tau217 é uma versão modificada da proteína tau, essencial para a estabilidade dos neurónios. Na revista Brain Communications, os investigadores demonstram que o seu aumento nos recém-nascidos supera até mesmo o observado em doentes com Alzheimer.

Os prematuros apresentam as concentrações mais elevadas, sem qualquer sinal de patologia. Estes níveis diminuem progressivamente após o nascimento, ao mesmo tempo que podem reaparecer mais tarde em caso de doença neurodegenerativa. O estudo destaca assim um duplo papel, dependente da fase da vida.

As análises abrangem 462 participantes, incluindo bebés saudáveis, bebés prematuros, adultos saudáveis e adultos com doença de Alzheimer. Os mecanismos que regulam a p-tau217 parecem independentes da beta-amiloide, outra proteína envolvida no Alzheimer. Esta distinção abre novas pistas para compreender a sua toxicidade seletiva.

Perspetivas terapêuticas



Compreender porque é que o cérebro infantil tolera a p-tau217 sem danos poderá permitir imaginar novos tipos de tratamentos. Os investigadores planeiam estudar os mecanismos protetores naturais dos recém-nascidos, ausentes nos adultos.

As aplicações clínicas são promissoras, nomeadamente para interpretar os testes de diagnóstico recentemente aprovados pela FDA. Os autores insistem na necessidade de distinguir os aumentos patológicos das variações do desenvolvimento.

Esta investigação relança também o debate sobre as causas do Alzheimer, mostrando que a acumulação de p-tau217 pode ocorrer sem amiloide. Os próximos estudos focar-se-ão nos fatores que desencadeiam a sua toxicidade com a idade.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Brain Communications
Ce site fait l'objet d'une déclaration à la CNIL
sous le numéro de dossier 1037632
Informations légales