Cédric - Domingo 16 Fevereiro 2025

Descoberta de Quipu: a maior estrutura cósmica já observada 🔭

A superestrutura "Quipu", recentemente identificada, se estende por 1,3 bilhão de anos-luz, desafiando nossa compreensão da distribuição da matéria no espaço. Essa descoberta, resultante de um estudo publicado no ArXiv, abre novas perspectivas sobre a organização em grande escala do cosmos.


Distribuição dos aglomerados CLASSIX na faixa de redshift z = 0,03 - 0,06 (círculos cheios e abertos). Os aglomerados pertencentes às cinco superestruturas são coloridos: Quipu (vermelho), Shapley (azul), Serpens-Corona Borealis (verde), Hércules (roxo) e Sculptor-Pegasus (bege).
Crédito: Astronomy & Astrophysics.
© Bohringer et al. 2025.

Localizada entre 424 e 815 milhões de anos-luz da Terra, Quipu é composta por milhares de galáxias ligadas pela gravidade. Com uma massa equivalente a 200 milhões de bilhões de sóis, ela representa uma das maiores estruturas já observadas. Seu nome, inspirado nos quipus incas, evoca sua forma filamentosa complexa, semelhante a uma rede de nós e cordas.

Quipu: uma arquitetura cósmica única



A superestrutura se destaca por um filamento principal cercado por ramificações secundárias, formando um conjunto denso e interconectado. Essa configuração, revelada por observações em raios X, mostra uma nuvem de gás superaquecido emitindo radiações características. Esses sinais permitem que os cientistas mapeiem a distribuição da matéria nessa região do Universo.

Quipu influencia significativamente seu ambiente. Sua massa distorce a luz de objetos distantes, um fenômeno chamado lente gravitacional. Essa distorção afeta as medições da constante de Hubble, essencial para entender a expansão do Universo. Além disso, ela modifica a radiação do fundo cósmico de micro-ondas, uma relíquia do Big Bang.

Uma descoberta ligada a modelos cosmológicos


A existência de Quipu confirma as previsões do modelo ΛCDM, que descreve a evolução do Universo desde o Big Bang. Simulações numéricas haviam antecipado a formação de tais estruturas, mas sua observação direta permanece rara. Quipu e suas vizinhas representam cerca de 45% dos aglomerados de galáxias conhecidos, oferecendo uma visão valiosa da distribuição da matéria escura e da energia escura.

Apesar de sua imensidão, Quipu não é uma entidade eterna. A expansão acelerada do Universo acabará fragmentando essa superestrutura em unidades menores. Essa evolução lembra a natureza dinâmica e mutável do cosmos, onde até as maiores estruturas estão sujeitas a forças colossais.

Para ir mais longe: O que é uma lente gravitacional?


Uma lente gravitacional é um efeito previsto pela relatividade geral de Einstein. Ela ocorre quando a luz de um objeto distante é desviada pela gravidade de uma massa significativa, como um aglomerado de galáxias. Como uma lente óptica, esse fenômeno permite observar objetos que de outra forma seriam invisíveis e medir a distribuição da matéria escura.

O que é o fundo cósmico de micro-ondas?


O fundo cósmico de micro-ondas é uma radiação eletromagnética emitida aproximadamente 380 mil anos após o Big Bang. Ele constitui uma "foto" do Universo jovem e fornece informações sobre sua evolução.

O que é a constante de Hubble?


A constante de Hubble mede a velocidade de expansão do Universo. Ela é determinada observando a distância e a velocidade de afastamento das galáxias. No entanto, estruturas massivas como Quipu podem distorcer essas medições ao adicionar velocidades locais à expansão global.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: ArXiv
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