Uma descoberta astronômica recente está revolucionando nossa compreensão das rajadas rápidas de rádio (FRB). Esses fenômenos cósmicos, até então associados a galáxias jovens, foram detectados em uma galáxia antiga e massiva, questionando as teorias estabelecidas.
Os FRBs, esses misteriosos flashes de ondas de rádio, há muito tempo são considerados produtos de galáxias jovens e ativas. No entanto, uma equipe internacional localizou recentemente um FRB em uma galáxia elíptica com 11,3 bilhões de anos, situada a 2 bilhões de anos-luz da Terra. Essa descoberta, publicada na
The Astrophysical Journal Letters, sugere que as origens dos FRBs podem ser mais variadas do que se imaginava.
O radiotelescópio CHIME é composto por quatro cilindros em U de 100 metros de comprimento, feitos de uma grade metálica. O CHIME reconstrói a imagem do céu processando os sinais de rádio captados por mais de mil antenas.
Fonte: CHIME
Os pesquisadores usaram o telescópio CHIME para detectar esse FRB, denominado FRB 20240209A, que emitiu 21 pulsos entre fevereiro e julho de 2024. O uso de telescópios adicionais permitiu localizar com precisão a origem desses pulsos, revelando uma galáxia hospedeira com luminosidade e massa excepcionais.
Ao contrário do esperado, esse FRB não vem de uma região de formação de estrelas, mas dos confins de sua galáxia hospedeira, a 130.000 anos-luz do centro. Essa localização incomum levanta questões sobre os mecanismos energéticos capazes de produzir FRBs em ambientes desprovidos de estrelas jovens.
Essa descoberta lembra outro FRB detectado em 2022 no aglomerado globular da galáxia M81, sugerindo que esses eventos podem compartilhar origens semelhantes. Os pesquisadores agora consideram que alguns FRBs podem vir de magnetares formados por mecanismos alternativos, como a fusão de estrelas de nêutrons ou o colapso de anãs brancas.
Para aprofundar essa hipótese, observações adicionais com o telescópio espacial James Webb estão planejadas. Esses estudos podem revelar a presença de um aglomerado globular na origem do FRB 20240209A, oferecendo novas perspectivas sobre os ambientes propícios a esses fenômenos cósmicos.
Os FRBs continuam a ser um tema fascinante para os astrônomos devido à sua natureza enigmática e à capacidade de desafiar nosso conhecimento sobre o Universo. Cada descoberta abre novos caminhos de pesquisa, enriquecendo nossa compreensão dos mecanismos cósmicos mais extremos.
O que é uma rajada rápida de rádio (FRB)?
As rajadas rápidas de rádio (FRBs) são emissões intensas de ondas de rádio que duram alguns milissegundos. Elas liberam, em um instante, mais energia do que o Sol em um ano.
Descobertas pela primeira vez em 2007, os FRBs permanecem amplamente misteriosos. Sua origem exata ainda é desconhecida, embora várias teorias tenham sido propostas, incluindo magnetares ou colisões de estrelas de nêutrons.
A detecção de FRBs em galáxias antigas, como observado recentemente, questiona a ideia de que eles provêm exclusivamente de estrelas jovens. Isso sugere que os FRBs podem ter origens múltiplas, envolvendo ambientes cósmicos variados.
Por que os FRBs em galáxias antigas são surpreendentes?
Os FRBs tradicionalmente têm sido associados a galáxias jovens e ativas, onde a formação de estrelas é intensa. Esses ambientes são propícios à criação de magnetares, frequentemente considerados as fontes prováveis dos FRBs.
A descoberta de FRBs em galáxias antigas, onde a formação de estrelas cessou há muito tempo, é, portanto, inesperada. Isso implica que os FRBs podem ser produzidos por mecanismos diferentes, como a fusão de estrelas de nêutrons ou o colapso de anãs brancas.
Essa descoberta abre novas perspectivas sobre a diversidade de ambientes cósmicos capazes de gerar FRBs, enriquecendo nossa compreensão desses fenômenos enigmáticos.
Fonte: The Astrophysical Journal Letters