Cédric - Sexta-feira 28 Fevereiro 2025

Descoberta: há 150 mil anos, os humanos já colonizavam as florestas tropicais 🌳

Uma descoberta arqueológica na África Ocidental revela que os humanos viviam em florestas tropicais há 150 mil anos, muito antes do que se pensava. Essa revelação desafia nossa compreensão da evolução humana e dos ambientes que a moldaram.


As florestas tropicais, frequentemente consideradas barreiras naturais para os primeiros humanos, teriam na verdade desempenhado um papel crucial em seu desenvolvimento. Uma equipe internacional de pesquisadores reexaminou um local na Costa do Marfim, onde ferramentas de pedra datadas dessa época foram descobertas, confirmando uma presença humana muito mais antiga do que o esperado.

Uma descoberta que abala certezas


Até agora, as evidências mais antigas de ocupação humana em florestas tropicais africanas datavam de cerca de 18 mil anos. No Sudeste Asiático, os vestígios remontavam a 70 mil anos. Este novo estudo, publicado na Nature, retrocede essa data para 150 mil anos, dobrando as estimativas anteriores.


Os pesquisadores analisaram sedimentos do sítio de Bété I, na Costa do Marfim, onde ferramentas de pedra haviam sido descobertas na década de 1980. Graças a métodos modernos de datação, eles puderam estabelecer que essas ferramentas eram usadas há 150 mil anos, em um ambiente florestal denso.

Essa descoberta sugere que as florestas tropicais foram um habitat importante para os humanos muito antes do que se acreditava. Ela também levanta questões sobre como esses ambientes influenciaram a evolução de nossa espécie.


a) Mapa dos sítios africanos datados do MIS 6 (aproximadamente 130–190 mil anos).
b) Localização do sítio de Bété I.
c) Sequência estratigráfica de Bété I em 2020 após amostragem para geocronologia e análises paleoecológicas.


As florestas tropicais, um berço desconhecido da humanidade


As florestas tropicais africanas, há muito negligenciadas nos relatos da evolução humana, podem ter sido um refúgio durante períodos de mudanças climáticas. Análises de pólen e restos vegetais confirmam que o sítio de Bété I estava localizado em uma floresta densa e úmida, semelhante às encontradas hoje na África Ocidental.

As ferramentas descobertas, adaptadas à vida na floresta, mostram que os humanos haviam desenvolvido técnicas para explorar esses ambientes. Isso desafia a ideia de que as savanas e os campos abertos eram os únicos ambientes propícios à evolução humana.

Por fim, este estudo abre novas perspectivas sobre o impacto dos humanos nos ecossistemas florestais. Os pesquisadores agora se perguntam até que ponto esses primeiros habitantes modificaram seu ambiente, estabelecendo as bases para uma interação duradoura entre o homem e a floresta.

Para ir mais longe: o que é a datação de sedimentos?


A datação de sedimentos é um método científico usado para determinar a idade das camadas geológicas onde se encontram artefatos ou fósseis. Ela se baseia na análise de minerais e elementos radioativos presentes no solo, como o quartzo ou os isótopos de urânio. Esses elementos se desintegram a uma taxa constante, o que permite calcular a idade das camadas sedimentares com precisão.


No caso do sítio de Bété I, os pesquisadores usaram técnicas de datação por luminescência, que medem a energia acumulada nos grãos de quartzo ao longo do tempo. Esse método é particularmente útil para sítios arqueológicos antigos, pois permite datar diretamente os sedimentos ao redor dos artefatos, mesmo na ausência de matéria orgânica.

Combinando esses resultados com a análise de pólen e restos vegetais, os cientistas puderam reconstruir o ambiente da época. Isso confirmou que as ferramentas de pedra encontradas eram realmente usadas há 150 mil anos em uma floresta tropical densa, oferecendo assim uma imagem mais completa da vida dos primeiros humanos nesses ambientes.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Nature
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