Cédric - Quarta-feira 10 Setembro 2025

💊 Descoberta: estes medicamentos comuns também reduzem o risco de suicídio, dependências e crimes

Os medicamentos prescritos para o transtorno do déficit de atenção com ou sem hiperatividade (TDAH) não se limitariam a aliviar os sintomas imediatos. Dados recentes revelam que eles também têm um efeito sobre os comportamentos de risco.

Esta descoberta baseia-se num vasto estudo internacional realizado na Suécia e no Reino Unido. Os pesquisadores analisaram os efeitos dos tratamentos farmacológicos em milhares de pacientes. Este estudo revelou uma diminuição das condutas suicidas, dependências, acidentes de viação e até mesmo de crimes.


Imagem de ilustração Pixabay


Um transtorno disseminado com consequências graves


O TDAH afeta aproximadamente 5% das crianças e cerca de 2,5% dos adultos em todo o mundo. As pessoas afetadas apresentam frequentemente dificuldades de atenção, uma impulsividade acentuada e uma hiperatividade persistente.


Estas características aumentam o risco de comportamentos perigosos ou de situações dramáticas, como as tentativas de suicídio, o uso de substâncias aditivas ou os acidentes. Elas acarretam de facto uma sobrerrepresentação no sistema judiciário.

Os tratamentos medicamentosos, principalmente os psicoestimulantes como o metilfenidato, já são amplamente utilizados para diminuir os sintomas. O estudo mostra que estes podem ter efeitos que ultrapassam o quadro estrito do controlo dos transtornos.

Uma metodologia inédita para medir o impacto


Os pesquisadores exploraram os registos nacionais suecos entre 2017 e 2018, incluindo cerca de 150 000 pacientes recentemente diagnosticados. Cada indivíduo pôde assim ser acompanhado durante 2 anos após o início ou a ausência de tratamento.

Graças a uma abordagem chamada "emulação de ensaio alvo", os dados provenientes de dossiês médicos e judiciais foram analisados como se proviessem de um verdadeiro ensaio clínico. Este método permite comparar os grupos de maneira mais fiável e reduzir os erros ligados às diferenças entre pacientes.

Os resultados indicam que a toma do tratamento reduzia de maneira notável vários riscos: -25% de risco de ter problemas com drogas ou álcool, -17% de riscos de ter um comportamento suicida, -12% de risco de causar um acidente de viação e -13% de cometer um crime.

Benefícios diferenciados consoante os tratamentos


Os medicamentos estimulantes revelam-se mais eficazes do que os não estimulantes, em particular no consumo de drogas e nos comportamentos criminosos. O metilfenidato continua a ser o tratamento mais prescrito, representando mais de 80% das receitas.

Os pesquisadores salientam que os efeitos positivos explicar-se-iam por uma melhor regulação da impulsividade e uma atenção aumentada. Isso reduziria os comportamentos agressivos, as distrações perigosas ao volante ou ainda as recaídas aditivas.

Estes dados confirmam as recomendações clínicas atuais, que privilegiam os estimulantes em primeira linha, mas recordam também que o acompanhamento médico continua indispensável para adaptar o tratamento.

Um alcance que ultrapassa a saúde individual



Para os pacientes, os benefícios vão muito para além da melhoria dos sintomas diários. Os tratamentos podem favorecer uma melhor inserção social, escolar e profissional.

À escala coletiva, os resultados dão aos poderes públicos argumentos para reforçar o acesso aos cuidados. Menos suicídios, dependências e infrações representam também um impacto positivo na sociedade.

Os autores estimam que uma falta de acesso aos tratamentos constitui um desafio ético maior. Em Inglaterra por exemplo, uma "task force nacional" do NHS trabalha atualmente para reduzir estas desigualdades.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: The BMJ
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