Cédric - Segunda-feira 31 Março 2025

Descoberta: as focas sabem avaliar a quantidade de oxigênio no seu sangue 🤿

As focas podem perceber diretamente o nível de oxigênio no seu sangue, uma capacidade que os humanos não possuem. Um estudo escocês revela que esses mamíferos marinhos adaptam seus mergulhos com base nesse parâmetro vital.

Ao contrário dos animais terrestres, que dependem principalmente do nível de CO₂ para desencadear a respiração, as focas parecem ser capazes de "sentir" sua oxigenação sanguínea. Essa descoberta, publicada na Science, esclarece os mecanismos que lhes permitem evitar o afogamento durante mergulhos prolongados.



Um experimento engenhoso para desvendar o mistério


Focas-cinzentas foram colocadas em um tanque equipado com uma câmara respiratória e um distribuidor de peixes. Os pesquisadores modificaram a composição do ar na câmara, variando os níveis de oxigênio e CO₂. Os animais mergulhavam livremente para se alimentar, permitindo a observação de seu comportamento.


Quando o oxigênio estava mais concentrado, as focas prolongavam seus mergulhos. Por outro lado, um ar empobrecido em oxigênio as fazia subir mais rapidamente. O CO₂, no entanto, não influenciava seu tempo de imersão. Esses resultados sugerem uma sensibilidade direta ao oxigênio, e não ao CO₂.

Essa capacidade permitiria que as focas ajustassem seu esforço de acordo com suas reservas. Diferentemente dos humanos, que correm o risco de desmaiar em apneia, elas evitam assim o esgotamento de suas reservas antes de voltar à superfície.

Uma adaptação para a vida marinha


Os mamíferos terrestres, incluindo os humanos, não percebem diretamente seu nível de oxigênio no sangue. Sua respiração é desencadeada pelo acúmulo de CO₂, um mecanismo eficaz no ambiente aéreo, mas arriscado em mergulhos. As focas, por sua vez, teriam desenvolvido uma sensibilidade aumentada ao oxigênio.

Essa particularidade pode explicar por que as focas-cinzentas conseguem mergulhar até 600 metros sem perder a consciência. Sua capacidade de "monitorar" o oxigênio lhes permitiria subir antes de atingir um limite crítico.

Estudos semelhantes em outras espécies marinhas (tartarugas, crocodilos) sugerem que essa característica é compartilhada. Pesquisas futuras poderão determinar se essa adaptação é comum a todos os mamíferos mergulhadores.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Science
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