Uma descoberta inesperada nas cavernas da Irlanda trouxe à luz uma nova espécie de fungo, batizada em homenagem a Sir David Attenborough. Esse fungo, Gibellula attenboroughii, foi encontrado em uma aranha tecedeira de teias, revelando comportamentos e interações complexas entre espécies.
O fungo Gibellula attenboroughii na aranha tecedeira de teias.
Crédito: CABI
Os pesquisadores, liderados pelo Dr. Harry Evans, usaram evidências morfológicas e moleculares para identificar essa nova espécie. O fungo foi descoberto durante as filmagens da série BBC Winterwatch, destacando a importância dos programas de divulgação científica, mesmo no caso presente para a descoberta de novas espécies.
A aranha hospedeira, Metellina merianae, foi identificada como uma espécie que vive em cavernas. Espécimes adicionais de Gibellula attenboroughii foram encontrados em sistemas de cavernas na Irlanda do Norte e na República da Irlanda, assim como em uma aranha aparentada, Meta menardi. Essas descobertas sugerem uma adaptação específica do fungo ao seu ambiente.
As aranhas infectadas foram encontradas em posições expostas, um comportamento semelhante ao de formigas infectadas por fungos do gênero Ophiocordyceps. Esse fenômeno mostra como os fungos manipulam seus hospedeiros, transformando-os em 'zumbis' para favorecer a dispersão de seus esporos.
Os cientistas também exploraram arquivos históricos e pesquisas literárias para revelar uma diversidade oculta dentro do gênero Gibellula nas Ilhas Britânicas. Esses estudos destacaram epidemias de doenças que afetam populações de aranhas, enfatizando a importância desses fungos na dinâmica das populações de aranhas.
Gibellula attenboroughii em Metallina merianae no teto de uma caverna, Tullybelcoo Ground Bridge, Condado de Fermanagh, Irlanda do Norte.
Crédito: Fungal Systematics and Evolution (2025).
Os metabólitos produzidos por esses fungos, capazes de alterar o comportamento de seus hospedeiros, abrem novas perspectivas para a pesquisa em ecologia e biologia molecular. Essas descobertas destacam a importância de continuar estudando essas interações complexas para entender melhor os ecossistemas.
Como os fungos manipulam seus hospedeiros?
Fungos parasitas, como Gibellula attenboroughii, desenvolveram estratégias sofisticadas para manipular o comportamento de seus hospedeiros. Ao produzir metabólitos específicos, eles podem alterar o sistema nervoso do hospedeiro, forçando-o a adotar comportamentos que favorecem a dispersão dos esporos do fungo.
Essas interações são um exemplo de coevolução, onde duas espécies influenciam mutuamente sua evolução. Os fungos manipulam seus hospedeiros para maximizar sua própria sobrevivência e reprodução, enquanto os hospedeiros desenvolvem mecanismos de defesa para resistir a essas manipulações.
Estudos sobre esses fungos abrem perspectivas importantes para entender interações biológicas complexas e podem ter aplicações na agricultura e na medicina, especialmente no desenvolvimento de novos agentes biológicos para o controle de parasitas.
Qual é a importância das cavernas na descoberta de novas espécies?
As cavernas, frequentemente consideradas ambientes extremos, abrigam uma biodiversidade única e ainda amplamente inexplorada. Esses ecossistemas isolados oferecem condições particulares que favorecem a evolução de espécies especializadas, como o fungo Gibellula attenboroughii.
A descoberta de novas espécies em cavernas destaca a importância desses habitats para a conservação da biodiversidade. As cavernas podem servir como refúgios para espécies raras ou ameaçadas, e seu estudo pode revelar informações valiosas sobre a evolução e a adaptação de organismos a condições extremas.
Pesquisas nesses ambientes exigem técnicas específicas e uma colaboração interdisciplinar, combinando biologia, geologia e tecnologia para explorar e documentar esses ecossistemas únicos.
Fonte: Fungal Systematics and Evolution