Cédric - Quinta-feira 7 Março 2024

Descoberta alarmante: todos os placentas humanos estão poluídos por microplásticos!

A presença de microplásticos no nosso ambiente continua a causar preocupação, e uma descoberta recente adiciona um novo elemento a este debate. Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Novo México revelou a presença de microplásticos em placentas humanas, um achado alarmante publicado na revista Toxicological Sciences.


Liderada pelo professor Matthew Campen, em colaboração com pesquisadores da Universidade de Medicina de Baylor e da Universidade Estadual de Oklahoma, esta pesquisa analisou quimicamente 62 amostras de placenta. Os resultados são preocupantes: as concentrações de microplásticos variaram de 6,5 a 790 microgramas por grama de tecido, com uma presença generalizada do plástico em todas as amostras testadas.

Essa descoberta levanta questões sobre os impactos potenciais dos microplásticos na saúde, especialmente durante o desenvolvimento fetal. De fato, o polietileno, usado principalmente na fabricação de sacolas e garrafas plásticas, representou 54% dos microplásticos detectados, seguido de PVC e nylon. Até então, quantificar com precisão a quantidade de microplásticos em tecidos humanos era um desafio, mas este novo método analítico permite uma medição mais precisa dessas partículas.

Um método analítico em três etapas



A primeira etapa do método utilizado consiste em um tratamento químico das amostras de placenta. Este processo, chamado saponificação, destina-se a dissolver as gorduras e proteínas presentes nos tecidos. Eliminando esses componentes, pesquisadores podem isolar as partículas de plástico dos outros elementos do tecido placentário, facilitando assim sua detecção posterior.

Uma vez que as amostras são tratadas quimicamente, elas são submetidas a uma centrifugação de ultra-alta velocidade. Esta técnica permite separar as partículas de plástico dos outros componentes da mistura, fazendo com que migrem para o fundo do tubo de centrifugação. Assim, os microplásticos são concentrados e prontos para serem analisados em mais detalhes.

Por fim, a terceira etapa envolve um processo de pirólise das partículas de plástico isoladas. Os depósitos de plástico são aquecidos a uma temperatura elevada, atingindo até 600 graus Celsius. Este calor intenso provoca a decomposição das partículas de plástico em gás. É esse gás que é então analisado para detectar com precisão a taxa de partículas presentes.



As implicações dessa contaminação


As implicações dessa contaminação são amplas, afetando tanto a saúde humana quanto o ambiente. Com a produção mundial de plástico constantemente aumentando desde a década de 1950, o plástico agora se encontra praticamente em tudo que consumimos, da água engarrafada à nossa alimentação diária. Essa onipresença do plástico no nosso ambiente aumenta os riscos de exposição, tanto por ingestão quanto por inalação.

Embora os efeitos exatos dos microplásticos na saúde humana ainda precisem ser determinados, estudos anteriores mostraram que essas partículas podem danificar células humanas e provocar inflamação, além de liberarem substâncias químicas nocivas contidas nos plásticos. Essa contaminação generalizada também levanta preocupações sobre o aumento de certos problemas de saúde, como doenças inflamatórias intestinais e câncer de cólon, bem como a diminuição da contagem de esperma.


A presença de microplásticos no placenta é particularmente preocupante, pois este órgão só começa a se desenvolver em estágios tardios da gravidez, agindo como uma barreira natural para o feto. Entretanto, este estudo revela que os microplásticos são capazes de atravessar essa barreira, representando assim uma ameaça potencial para o desenvolvimento fetal.

Face a esta situação alarmante, Matthew Campen e sua equipa pretendem continuar suas pesquisas para entender melhor os impactos dos microplásticos na saúde humana.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Toxicological Sciences
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