A influência da cor da pele nos tratamentos médicos pode alterar nossa compreensão sobre os medicamentos. Uma pesquisa recente chama a atenção para um fator frequentemente negligenciado: a melanina. Esse pigmento, responsável pela tonalidade da pele, pode desempenhar um papel importante na eficácia dos medicamentos.
A melanina age como uma esponja, interagindo com certos medicamentos e afetando sua absorção. Isso coloca em questão a validade das dosagens padrão, que não levam em consideração as variações de pigmentação. Essa descoberta sugere repensar os ensaios clínicos para incluir populações mais diversificadas.
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Um estudo da Universidade da Califórnia em Riverside revelou que a melanina tem uma afinidade surpreendente por certos compostos medicamentosos. Os pesquisadores estimam que essa interação pode desacelerar a eficácia de alguns tratamentos. Como resultado, indivíduos com pele mais escura podem não usufruir dos mesmos efeitos que os demais.
A nicotina é um exemplo emblemático dessa interação. Estudos mostraram que a melanina se liga à nicotina, levantando dúvidas sobre a eficácia dos adesivos de nicotina para fumantes de pele escura. Os pesquisadores estão investigando as implicações dessas diferenças nos tratamentos médicos comuns.
Os ensaios clínicos tradicionais frequentemente favorecem populações brancas de origem norte-europeia. Os pesquisadores destacam que essa prática precisa evoluir. As variações genéticas, que podem afetar até 20% dos medicamentos, demandam testes em grupos mais diversificados.
Os cientistas apelam para uma reformulação das práticas de pesquisa, integrando modelos 3D de pele humana com níveis variados de pigmentação. Isso permitiria avaliar de maneira mais precisa como os medicamentos interagem com diferentes tonalidades de pele. Uma abordagem que poderia revolucionar o desenvolvimento farmacêutico.
Sophie Zaaijer, coautora do estudo, defende a importância da inclusão. A pigmentação cutânea deve ser integrada nas avaliações de segurança e dosagem. Os pesquisadores incentivam a indústria a adaptar seus protocolos para atender às necessidades de pacientes de várias origens.
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Human Genomics