Adrien - Segunda-feira 24 Março 2025

COVID-19, câncer... rumo a uma produção em massa de anticorpos artificiais ⚔️

Cientistas da UNIGE desenvolveram moléculas sintéticas que imitam anticorpos. Elas poderiam revolucionar o tratamento de certas doenças.

Os anticorpos sintéticos tornaram-se a pedra angular das terapias contra o câncer. Essa abordagem também foi privilegiada na luta inicial contra a COVID-19. No entanto, sua produção em laboratório é demorada e cara.


As duas partes da molécula SAP são representadas em azul e vermelho. Elas são conectadas por fitas de ácido nucleico peptídico (ANP).
© Winssinger - UNIGE

Uma equipe da Universidade de Genebra (UNIGE) desenvolveu uma nova tecnologia chamada Self-Assembled Proteomimetics (SAPs). Ela oferece uma maneira mais rápida e acessível de criar moléculas sintéticas que agem como anticorpos. Essa nova abordagem poderia revolucionar os tratamentos de doenças como o câncer e a COVID-19. Esses resultados podem ser encontrados nos Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).


Os anticorpos monoclonais são essenciais para a pesquisa biomédica e os tratamentos contra o câncer devido à sua ação direcionada. Essas moléculas fabricadas em laboratório agem como os anticorpos naturais do nosso sistema imunológico, cada uma sendo projetada para se ligar a uma proteína específica. Essa precisão permite que atinjam eficazmente certas células, como células tumorais ou vírus. No entanto, apesar de sua eficácia, os anticorpos monoclonais são complexos de projetar, o que limita sua aplicação.

Os SAPs são mais fáceis e menos caros de produzir


Um grupo da Seção de Química e Bioquímica da UNIGE, liderado por Nicolas Winssinger, professor titular do Departamento de Química Orgânica da Faculdade de Ciências da UNIGE, abre um novo paradigma para o design de medicamentos que visam proteínas, capazes de substituir os anticorpos monoclonais: os proteomiméticos auto-montados (SAPs) ou, em inglês, Self-Assembled Proteomimetics (SAPs).

Os SAPs são moléculas minúsculas projetadas sob medida para direcionar e neutralizar, assim como os anticorpos, proteínas nocivas no organismo. A diferença? "Os SAPs são mais fáceis e menos caros de produzir. Eles são projetados como um sistema em duas partes. Como peças de quebra-cabeça, esses componentes se encaixam para formar uma estrutura estável capaz de se ligar firmemente às proteínas patogênicas. Esse design inovador imita a função precisa e poderosa dos anticorpos, ao mesmo tempo em que elimina muitos desafios relacionados à sua produção", explica Nicolas Winssinger.

Mais especificamente, os SAPs são compostos de dois "pedaços", cada um com cerca de 30 aminoácidos, firmemente ligados por fitas de ácido nucleico peptídico (PNA), um polímero sintético cuja estrutura é semelhante à do DNA e do RNA. Essas miniproteínas podem ser facilmente produzidas em laboratório. A eficácia dessa nova abordagem é demonstrada em alvos terapêuticos importantes, como HER2, um biomarcador bem conhecido do câncer, ou ao direcionar o receptor da proteína Spike do SARS-CoV-2.

Além disso, os pesquisadores demonstraram que o PNA pode ser controlado dinamicamente para ajustar o grau de ligação dos SAPs aos seus alvos. Essa capacidade pode ser muito útil em aplicações terapêuticas, permitindo um controle preciso da atividade terapêutica.

Ao tornar essas moléculas sintéticas acessíveis e eficazes, os SAPs têm o potencial de transformar a maneira como tratamos doenças complexas e de tornar esse tipo de terapia mais acessível.

Fonte: Universidade de Genebra
Ce site fait l'objet d'une déclaration à la CNIL
sous le numéro de dossier 1037632
Informations légales