O uso intensivo e regular de cannabis pode representar riscos insuspeitos para a saúde.
De acordo com um estudo recente, os consumidores que sofrem de transtorno do uso de cannabis (TUC) podem estar mais expostos a certos cânceres de cabeça e pescoço. Esta descoberta, embora preliminar, levanta questões sobre os efeitos a longo prazo dessa substância no organismo.
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A análise baseou-se em registros médicos de mais de 116.000 adultos americanos durante um período de 20 anos, destacando uma correlação preocupante entre o TUC e o desenvolvimento de cânceres na boca, garganta e glândulas salivares. Esses pacientes, comparados a indivíduos sem esse transtorno, apresentavam um risco multiplicado por 3,5 a 5 de desenvolver essas doenças.
Os pesquisadores utilizaram dados da TriNetX, uma vasta base de informações provenientes de 64 centros de saúde nos Estados Unidos, para conduzir este estudo. Eles compararam pessoas com TUC a um grupo de controle similar em idade e sexo, levando em consideração fatores de risco conhecidos, como o consumo de álcool e tabaco, principais culpados pelos cânceres de cabeça e pescoço.
Uma das limitações do estudo está no fato de não distinguir os diferentes métodos de consumo de cannabis, seja por inalação ou ingestão. Ainda é incerto se é a fumaça ou os compostos ativos da cannabis que são responsáveis pelo aumento do risco. No entanto, os autores do estudo destacam a importância desses resultados para a prevenção desses cânceres.
Embora as doses exatas de cannabis consumidas pelos participantes não sejam conhecidas e os dados se baseiem em declarações pessoais, os resultados iluminam um possível aumento dos cânceres em relação com o consumo crescente de cannabis, especialmente com sua legalização e uso mais disseminado.
As implicações deste estudo são sérias, embora ainda seja cedo para afirmar um vínculo definitivo. Pesquisas adicionais serão necessárias para confirmar essas conclusões e determinar se a cannabis desempenha um papel direto na carcinogênese.
Carcinogênese
A carcinogênese refere-se ao conjunto de processos biológicos que conduzem à formação de um câncer. Este termo abrange os mecanismos pelos quais células normais sofrem transformações progressivas que as levam a se tornarem cancerosas. Este processo complexo ocorre em várias etapas, envolvendo mutações genéticas, alterações do DNA, assim como modificações na regulação celular.
O processo geralmente começa por uma iniciação, onde mutações ou lesões no DNA ocorrem, geralmente sob a influência de substâncias cancerígenas (agentes químicos, radiação, vírus, etc.). Em seguida, as células mutadas sofrem uma proliferação anormal, favorecida por sinais de crescimento ou um ambiente favorável. Finalmente, a progressão leva à aquisição por essas células de capacidades invasivas e à formação de tumores malignos.
A carcinogênese é influenciada por muitos fatores, incluindo exposição a carcinógenos, predisposições genéticas, e condições ambientais, tornando seu estudo crucial para a prevenção e tratamento do câncer.
Fonte: JAMA Otolaryngology-Head & Neck Surgery