Titã, a maior lua de Saturno, é única no nosso sistema solar devido às suas paisagens de hidrocarbonetos e oceano subterrâneo. Este mundo possui lagos de metano, uma atmosfera densa e uma química orgânica avançada. No entanto, nem todas as suas moléculas orgânicas seriam aproveitáveis por possíveis micro-organismos.
O oceano subterrâneo, com cerca de 500 km de profundidade, poderia abrigar vida baseada na fermentação. Este processo, simples e que não requer oxigênio, é um dos mais plausíveis em tal ambiente.
As trocas entre a superfície e o oceano são limitadas. Apenas impactos de meteoritos poderiam transportar nutrientes através da crosta gelada, reduzindo drasticamente os recursos disponíveis.
Uma biomassa minúscula apesar de reservas orgânicas abundantes
O estudo concentrou-se na glicina, um aminoácido simples presente em todo o Sistema Solar. As simulações mostram que o seu transporte para o oceano seria insuficiente para sustentar vida significativa.
No melhor dos casos, a biomassa total não ultrapassaria alguns quilogramas, ou seja, menos de uma célula por litro de água. Esta estimativa torna a detecção de possível vida extremamente difícil para futuras missões.
Os investigadores destacam que a riqueza orgânica de Titã não garante sua habitabilidade. A missão Dragonfly da NASA terá, portanto, de focar áreas muito específicas para maximizar as chances de descoberta.
Para saber mais: O que é a fermentação, processo chave para vida em Titã?
A fermentação é uma reação metabólica que converte moléculas orgânicas em energia sem oxigênio. É utilizada, por exemplo, na produção de pão ou cerveja.
Este mecanismo, que surgiu cedo na história da vida terrestre, requer apenas condições simples. Em Titã, poderia permitir que micróbios sobrevivessem com um aporte mínimo de nutrientes.
Ao contrário da respiração, a fermentação não depende de oxidantes, raros em Titã. Constitui, portanto, uma pista credível para explicar possível vida no seu oceano subterrâneo.
Por que Titã interessa tanto aos exobiólogos?
Titã combina uma atmosfera densa, química orgânica ativa e um oceano líquido. Estas características fazem dele um análogo frio das primeiras etapas da vida na Terra.
Seus lagos de hidrocarbonetos e precipitações de metano oferecem processos únicos no Sistema Solar. Estas interações poderiam favorecer reações prebióticas, mesmo na ausência de vida comprovada.
A missão Cassini-Huygens revelou sua geologia, enquanto a Dragonfly estudará diretamente sua superfície a partir de 2034.
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: The Planetary Science Journal