Adrien - Quinta-feira 31 Julho 2025

🩺 Câncer: células "esquecidas" passam ao ataque

Imunologistas da UNIGE descobriram o potencial antitumoral ainda insuspeito dos linfócitos T CD4. Um passo importante para imunoterapias de um novo tipo.

Diante do câncer, a imunoterapia — que visa reforçar as defesas naturais do organismo — tem um crescimento notável. A maioria desses tratamentos se baseia nos linfócitos T CD8, "células assassinas" capazes de eliminar células doentes.


Uma equipe da Universidade de Genebra (UNIGE) explorou, no entanto, outro caminho: o dos linfócitos T CD4. Durante muito tempo consideradas como simples células auxiliares, essas células tinham seu potencial terapêutico relegado a segundo plano. Porém, os cientistas descobriram que esses linfócitos também possuem uma forte capacidade de destruir células cancerosas, continuando a apoiar outras células imunológicas.


Graças a técnicas de engenharia celular, a equipe conseguiu reprogramá-las para que ataquem um marcador tumoral presente em muitos cânceres, tanto em adultos quanto em crianças. Esses resultados, publicados na revista Science Advances, abrem caminho para uma estratégia terapêutica mais rápida e aplicável a um maior número de pacientes.

Tradicionalmente considerados como células auxiliares, os linfócitos T CD4 produzem moléculas que sustentam a ação de outras células imunológicas. Eles facilitam, em particular, suas funções, migração ou proliferação no organismo.

Trabalhos recentes realizados pela equipe de Camilla Jandus, professora assistente do Departamento de Patologia e Imunologia, no Centro de Pesquisa sobre Inflamação e no Centro de Pesquisa Translacional em Oncohematologia da Faculdade de Medicina da UNIGE, mostram que seu papel foi amplamente subestimado.

Essas células atacam eficazmente não apenas o melanoma, mas também cânceres de pulmão, ovário, sarcoma e cérebro, poupando as células saudáveis.

Em colaboração com o Departamento de Oncologia CHUV-UNIL e a filial de Lausanne do Ludwig Institute for Cancer Research, os cientistas da UNIGE estudaram as características moleculares de linfócitos T CD4 retirados de pessoas com melanomas (um câncer de pele). Eles identificaram então um subconjunto único portador de um receptor de linfócitos T (chamado TCR) capaz de reconhecer eficazmente um antígeno específico das células tumorais: o NY-ESO-1. Esse TCR foi então isolado e expresso artificialmente em outras células T CD4.

"Em seguida, avaliamos a eficácia dessas células modificadas contra células cancerosas, tanto in vitro quanto em modelos animais", detalha Camilla Jandus. "Os resultados são impressionantes: elas atacam eficazmente não apenas o melanoma, mas também cânceres de pulmão, ovário, sarcoma e cérebro, poupando as células saudáveis. Isso mostra que as células T CD4 modificadas com o TCR podem atacar diretamente os tumores, além de seu papel auxiliar."

A vantagem principal de um alelo muito difundido



O sistema HLA é um conjunto de genes responsáveis pelo reconhecimento imunológico. Cada indivíduo herda diferentes versões desses genes, os alelos. "Eles codificam proteínas de superfície celular, as moléculas HLA, que permitem às células T distinguir células saudáveis de células infectadas por patógenos ou células tumorais", explica a pesquisadora.

"A eficácia das terapias baseadas em células T depende assim da presença nos pacientes do alelo HLA específico, que apresenta o antígeno tumoral. Porém, o antígeno NY-ESO-1, reconhecido por nosso TCR, é apresentado por um alelo presente em metade da população de origem europeia, contra apenas 10 a 15% para outros alelos HLA." Isso aumenta consideravelmente o número de pacientes que poderiam se beneficiar, ainda mais porque o antígeno alvo é expresso em muitos tipos de câncer.

Uma esperança para cânceres adultos e pediátricos


A equipe de Camilla Jandus está atualmente preparando o primeiro ensaio clínico de terapia celular baseada nas células T CD4 e no TCR modificado. O objetivo é incluir diferentes tipos de câncer que expressam o antígeno NY-ESO-1. Um teste HLA permitirá primeiro verificar a presença do alelo correto, depois os tumores serão analisados para confirmar a expressão do antígeno. As células T CD4 serão então retiradas, modificadas em laboratório para expressar o TCR, multiplicadas e reinjetadas nos pacientes.

Mas Camilla Jandus planeja uma etapa adicional: a criação de um banco de células imunológicas modificadas com um TCR pronto para uso, provenientes de doadores saudáveis, o que permitiria ganhar um tempo precioso, especialmente diante de cânceres agressivos. Essa estratégia também poderia abrir caminho para tratamentos de cânceres hoje incuráveis, principalmente em crianças: os primeiros testes in vitro em neuroblastomas pediátricos são promissores.

Fonte: Universidade de Genebra
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