Adrien - Quinta-feira 18 Dezembro 2025

🌡️ O calor causa atraso intelectual em crianças

Uma equipe de cientistas analisou os dados de 19.607 crianças de três a quatro anos em seis países, incluindo Gâmbia e Palestina. O objetivo era avaliar como a exposição a altas temperaturas afeta as competências fundamentais.

A análise mostra que quando a temperatura média máxima ultrapassa 30 graus Celsius, a probabilidade de atingir os marcos de literacia e numeracia diminui de 5% a 6,7%. Esta correlação foi estabelecida comparando crianças que vivem em condições climáticas semelhantes, mas com diferenças de calor.


Imagem ilustrativa Pixabay

Além disso, as crianças de famílias economicamente modestas ou residentes em meio urbano sofrem atrasos mais pronunciados. O acesso limitado a água potável ou a uma habitação adequada amplifica essas dificuldades, o que indica que as desigualdades existentes podem ser exacerbadas pelo calor.


Para realizar esta investigação, os pesquisadores utilizaram o Índice de Desenvolvimento da Primeira Infância, uma ferramenta padronizada que mede várias áreas, como as competências escolares e o comportamento. Eles combinaram esses dados com informações demográficas e registros de temperatura mensais.

Essas observações levam a repensar as medidas de proteção das crianças diante de um clima que está a aquecer. Os autores, incluindo Jorge Cuartas, indicam no Journal of Child Psychology and Psychiatry que estudos adicionais são necessários para identificar os mecanismos precisos por trás desses efeitos.

Os mecanismos biológicos do calor no cérebro


O calor excessivo pode perturbar o funcionamento cerebral de várias maneiras. Quando o corpo é exposto a temperaturas elevadas, ele precisa trabalhar mais para manter sua temperatura interna, o que pode reduzir o fluxo sanguíneo para o cérebro. Isso limita o fornecimento de oxigénio e nutrientes essenciais às células nervosas, afetando assim a concentração e a memória.

Nas crianças pequenas, cujo cérebro está em pleno desenvolvimento, essas perturbações podem ter consequências duradouras. Os neurónios são particularmente sensíveis aos estresses ambientais, e uma exposição repetida ao calor pode retardar a formação de novas conexões sinápticas. Esses processos são fundamentais para a aquisição de competências como a leitura e o cálculo.

Além disso, o calor pode influenciar os níveis de certos neurotransmissores, como a serotonina, que desempenham um papel no humor e na aprendizagem. Temperaturas extremas podem causar fadiga, irritabilidade ou distúrbios do sono, fatores que prejudicam a capacidade das crianças de se concentrarem e aprenderem de forma eficaz.

Compreender esses mecanismos ajuda a imaginar intervenções, como melhorar a ventilação nas escolas ou o acesso a espaços frescos. Isso também mostra por que as crianças desfavorecidas, muitas vezes expostas a condições de vida piores, são mais vulneráveis a esses efeitos.

Fonte: Journal of Child Psychology and Psychiatry
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