O envelhecimento provoca a perda de neurônios e massa muscular, além de reduzir a fertilidade e a capacidade de cicatrização. Pesquisadores investigam como reverter esses efeitos, estudando fenômenos surpreendentes em um organismo modelo.
As planárias, vermes achatados capazes de regeneração, oferecem pistas inéditas. Essas criaturas podem reconstituir partes inteiras do corpo, incluindo a cabeça.
Envelhecimento e rejuvenescimento dos olhos das planárias.
Crédito: Nature Aging (2025).
DOI: 10.1038/s43587-025-00847-9
A equipe de Longhua Guo na Universidade de Michigan estuda esses vermes para entender sua aparente imortalidade. Planárias sexuadas mostram sinais de envelhecimento similares aos mamíferos, mas sua regeneração reverte esses efeitos. Isso inclui a restauração da fertilidade e do desempenho fisiológico.
As pesquisas publicadas na
Nature Aging mostram que planárias idosas mantêm suas células-tronco adultas. Sua regeneração apaga mudanças transcricionais ligadas à idade. Essa descoberta abre perspectivas sobre longevidade e cicatrização em outras espécies.
Uma comparação com dados de camundongos e humanos revela similaridades nas assinaturas do envelhecimento. As planárias compartilham até traços com camundongos que passaram por intervenções para prolongar a vida. Esses resultados sugerem que o declínio relacionado à idade pode ser reversível em escala orgânica completa.
A equipe agora busca identificar os genes e células responsáveis por essa regeneração. Entender esses mecanismos pode inspirar terapias para humanos. As planárias, embora distantes de nós, podem guardar chaves para combater o envelhecimento.
Como as planárias regeneram seus tecidos?
As planárias possuem células-tronco chamadas neoblastos, capazes de se diferenciar em qualquer tipo celular. Essas células são a base de sua capacidade de regenerar partes inteiras do corpo, incluindo órgãos como os olhos.
Diferentemente dos mamíferos, as planárias não parecem perder seus neoblastos com a idade. Essa preservação permite regeneração eficaz mesmo em indivíduos idosos, oferecendo um modelo único para estudar longevidade.
A regeneração nas planárias também envolve reprogramação de células existentes. Esse processo apaga marcas do envelhecimento em nível transcricional, restaurando tecidos a um estado mais jovem.
Esses mecanismos podem inspirar abordagens terapêuticas em humanos, especialmente para doenças degenerativas. Porém, a transposição dessas descobertas ainda requer muita pesquisa.
Fonte: Nature Aging