Adrien - Segunda-feira 9 Junho 2025

As diferenças entre homens e mulheres não são apenas genéticas

As diferenças biológicas entre homens e mulheres vão muito além da genética. Um importante estudo internacional lança uma nova luz sobre essas disparidades.

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa em Saúde de Precisão da Universidade Queen Mary de Londres conduziram um amplo estudo sobre as diferenças proteicas entre os sexos. Seu trabalho, publicado na Nature Communications, baseia-se em dados da UK Biobank e do estudo Fenland, envolvendo 56.000 participantes.


A equipe identificou que dois terços das proteínas analisadas apresentavam níveis diferentes em homens e mulheres. No entanto, apenas cerca de cem dessas variações estavam diretamente ligadas a diferenças genéticas entre os sexos. Essa descoberta questiona a ideia de que a genética é o principal, ou mesmo o único, fator das disparidades biológicas.


Os pesquisadores destacam a importância de considerar fatores não genéticos, como ambiente e estilo de vida, para entender as diferenças de saúde entre os sexos. Esses elementos poderiam explicar por que certas doenças afetam homens e mulheres de maneira diferente.

Mine Koprulu, autora principal do estudo, enfatiza a necessidade de uma abordagem mais inclusiva na medicina. Segundo ela, uma melhor compreensão dos fatores que influenciam a saúde além da genética é essencial para cuidados mais equitativos.

Claudia Langenberg, diretora do Instituto, acrescenta que esses resultados são cruciais para o desenvolvimento de medicamentos. Eles mostram que as variantes genéticas que regulam as proteínas agem de forma similar em ambos os sexos, validando assim abordagens terapêuticas comuns.

O estudo utilizou dados cromossômicos para distinguir os sexos, reconhecendo porém que isso nem sempre reflete a identidade de gênero. Essa metodologia foi necessária para a análise científica, embora limitada pela ausência de dados confiáveis sobre identidade de gênero.

Por que as proteínas diferem entre os sexos?


As proteínas desempenham um papel central no funcionamento do nosso organismo. Sua expressão varia entre homens e mulheres devido a mecanismos que vão além da simples genética.

O ambiente e o estilo de vida têm impacto. Por exemplo, a exposição a certos poluentes ou hábitos alimentares podem modificar a expressão das proteínas, independentemente do sexo.

Finalmente, mecanismos epigenéticos, como a metilação do DNA, podem explicar algumas diferenças. Essas modificações químicas influenciam a atividade dos genes sem alterar a sequência de DNA em si.

Como esse estudo influencia a medicina personalizada?


A medicina personalizada visa adaptar os tratamentos de acordo com as características individuais, incluindo o sexo. Este estudo abre novas perspectivas para essa abordagem.


Ao mostrar que as diferenças proteicas não são apenas genéticas, ela destaca a necessidade de considerar uma gama mais ampla de fatores no diagnóstico e tratamento.

Isso poderia levar a terapias mais direcionadas, levando em conta não apenas o sexo biológico, mas também o ambiente e o estilo de vida do paciente.

A longo prazo, essas descobertas poderiam melhorar a eficácia dos tratamentos e reduzir os efeitos colaterais, especialmente para doenças que afetam homens e mulheres de forma diferente.

Fonte: Nature Communications
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