Cédric - Quinta-feira 26 Dezembro 2024

As algas marinhas têm olhos? 🧐

As diatomáceas, microalgas unicelulares, distinguem-se por sua capacidade de transformar luz em energia vital por meio da fotossíntese. No entanto, um estudo recente revela que elas não se limitam a captar a luz: elas a utilizam para se orientar em águas profundas. Este mecanismo baseia-se em sensores sensoriais chamados fitocromos.


Estrutura hierárquica altamente porosa de uma concha de diatomácea Coscinodiscus oculus-iridis.
Imagem Wikimedia

Os fitocromos são codificados no genoma das diatomáceas e permitem detectar variações no espectro luminoso em diferentes profundidades. Estas informações preciosas orientam as microalgas na sua posição vertical, permitindo que ajustem sua atividade biológica, mesmo em águas submetidas a movimentos constantes.

Essa capacidade, entretanto, não é universal. Pesquisadores do CNRS e da Sorbonne Université descobriram que apenas as diatomáceas que vivem além dos trópicos de Câncer e Capricórnio possuem esses sensores. As estações marcadas dessas regiões obrigariam essas algas a ajustar seu comportamento diante das mudanças de luz.


A partir dos dados provenientes das campanhas Tara Oceans, os cientistas observaram que os fitocromos também permitem às diatomáceas medir a passagem do tempo. Uma função indispensável para coordenar sua fotossíntese conforme as estações, otimizando assim sua sobrevivência em ambientes extremos.

A descoberta, publicada na Nature em 18 de dezembro de 2024, destaca a importância de pesquisas tanto em laboratório quanto em mar aberto. Esses estudos combinados oferecem chaves para entender como essas algas reagem às mudanças climáticas atuais.

Esses trabalhos também revelaram outras capacidades insuspeitas das diatomáceas, como sua aptidão para consumir matéria orgânica. Esse processo pode desempenhar um papel ainda pouco compreendido na regulação dos ecossistemas marinhos. Além disso, as diatomáceas recentemente demonstraram sua simbiose com bactérias capazes de fixar nitrogênio. Essa interação biológica destaca seu papel fundamental na manutenção dos equilíbrios químicos dos oceanos.

Compreender esses mecanismos tornou-se essencial para antecipar os efeitos do aquecimento global. Essas microalgas, embora invisíveis a olho nu, testemunham uma incrível capacidade de adaptação que pode inspirar novas abordagens na ecologia.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Nature
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