Cédric - Sexta-feira 16 Agosto 2024

Alzheimer: esta molécula pode restaurar a memória

Um novo composto pode revolucionar o tratamento da doença de Alzheimer.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) desenvolveram uma molécula capaz de restaurar as funções cognitivas e a memória em camundongos modelos da doença. Este avanço representa uma ruptura com as abordagens tradicionais que se concentram na eliminação das placas amiloides do cérebro, frequentemente consideradas responsáveis pelos sintomas da doença.


Há muito tempo, os tratamentos contra o Alzheimer visam reduzir o acúmulo de placas de proteínas beta-amiloides no cérebro, de acordo com a teoria da "cascata amiloide". Embora esses tratamentos retardem a progressão da doença, eles não conseguem reverter os distúrbios cognitivos já presentes. Istvan Mody, professor de neurologia e fisiologia na UCLA, destaca que esses tratamentos deixam o cérebro "talvez sem placas", mas com circuitos neuronais ainda alterados.


Diante disso, Istvan Mody e sua equipe desenvolveram um novo composto, chamado DDL-920, que ataca um mecanismo biomolecular diferente. Sua abordagem baseia-se na estimulação das oscilações gama, sinais elétricos de alta frequência essenciais para a memória e funções cognitivas. Essas oscilações são geradas por interneurônios rápidos, os neurônios a parvalbumina, cujo papel é essencial na ativação dos circuitos neuronais envolvidos nos processos cognitivos. No entanto, em pacientes com Alzheimer, essas oscilações são frequentemente reduzidas, mesmo antes de as placas amiloides começarem a alterar o cérebro.

Estudos anteriores tentaram restaurar essas oscilações gama por meio de estimulações sonoras ou visuais, mas os resultados eram pouco conclusivos em termos de melhoria cognitiva. Istvan Mody e seus colegas exploraram, portanto, um caminho farmacológico. Ao inibir os receptores que reduzem as oscilações gama, o DDL-920 permitiria que os neurônios funcionassem de maneira mais eficaz, retomando assim as oscilações necessárias para a memória.

Para testar a eficácia dessa molécula, os pesquisadores administraram o DDL-920 a camundongos geneticamente modificados para reproduzir os sintomas da doença de Alzheimer. Após duas semanas de tratamento, os camundongos tratados mostraram desempenhos cognitivos comparáveis aos de camundongos saudáveis em um teste de labirinto. Além disso, nenhuma anomalia comportamental foi observada.

Embora esses resultados sejam promissores, mais pesquisas são necessárias para confirmar a segurança e a eficácia desse tratamento em humanos. Se essas pesquisas forem bem-sucedidas, esse composto pode abrir caminho para novas terapias para outras doenças associadas a uma redução das oscilações gama, como a depressão e a esquizofrenia.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: PNAS
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